Vulvodínia e Cinesioterapia
Publicado em:Segue excelente artigo publicado no site da SOGESP (Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo), sobre Vulvodínia e tratamentos disponíveis. Este artigo foi escrito com a consultoria da Fisioterapeuta Marcela Bardin:
CINESIOTERAPIA É ALTERNATIVA EFICAZ NO TRATAMENTO DA VULVODÍNIA
De acordo com o National Institutes of Health (NIH), no mínimo 200 mil mulheres norte-americanas sofrem com a vulvodínia - dor crônica na vulva. Caracterizada presença de hiperemia local, dor ou ardência ao toque leve (alodínea) na região do introito vaginal e queimação durante a penetração (ginecológica ou sexual). Entretanto, sabe-se que roupas íntimas apertadas e de tecido sintético, as quais impossibilitam a ventilação, bem como a realização de tarefas que pressionem a vulva, podem agravar os sintomas.
Uma das alternativas terapêuticas, aplicada nos casos em que a paciente não apresentou boa aceitação aos medicamentos ou, ainda, concomitantemente a eles, é a cinesioterapia – cuja base consiste na movimentação muscular. Marcela Bardin, fisioterapeuta, doutoranda em Tocoginecologia pela UNICAMP, explica que as atividades concentram-se na contração e relaxamento, bem como no alongamento do músculo.
“Ao contrair o assoalho pélvico, melhoramos a perfusão sanguínea local e conseguimos diminuir a tensão. Com a vulvodínia, os músculos ficam hipertônicos, ou seja, suas fibras possuem dificuldade em deslizar no sentido do alongamento, movimento necessário para que o músculo permaneça relaxado quando em repouso; por isso é fundamental alongar as fibras musculares. Inclusive, uma vez alongada, a mulher consegue realizar esta contração com maior potência, o que permite a redução de metabólicos locais, que podem ser um dos gatilhos da dor vulvar”, informa.
Com duração média de doze sessões, uma a duas vezes por semana, o tratamento visa reduzir ou elimina a dor ao toque, tornando o local mais funcional e melhorando o desempenho sexual. “Em casos severos, a cinesioterapia pode durar um ou dois anos. Costumamos associar também a eletroterapia para neuromodular o impulso nervoso da dor, atuando sobre o gate control”, diz a especialista.
Após a paciente aprender esse mecanismo para aliviar o desconforto gerado pela doença, ela adquire uma ferramenta importante para amenizar o incômodo. Ainda é tida como idiopática – todavia, sabe-se que o fator emocional e o controle de vulvovaginite e candidiase vaginal são importantes.
Mas Bardin reforça que, para o sucesso do procedimento, é imprescindível associar outros cuidados, que vão da redução da ingestão de oxalato na dieta a cuidados com a vulva – unindo todos os recursos, a dor será eliminada e a qualidade de vida da paciente aumenta consideravelmente.
História
A cinesioterapia faz parte da série de exercícios desenvolvidos por Arnold Kegel, na década de 1940. Contração pensada para fortalecer o músculo pubococcígeo, sua finalidade é prevenir e reduzir complicações do pavimento pélvico e até aumentar a gratificação sexual; além de ter benefício no tratamento do prolapso vaginal e da incontinência urinária.
Marcela Bardin conta que, há alguns anos, e não e difícil ouvir essa orientação ainda hoje, era frequente pedir às mulheres interromperem o fluxo urinário – ação que foi descoberta como maléfica, pois pode elevar o resíduo miccional na uretra, aumentando a incidência de infecção urinária. “Atualmente, pedimos para a paciente fazer isto apenas uma vez, para entender o movimento muscular quando há dificuldade para aprender a realizar a contração, mas destacamos que é uma única vez, nunca repetida durante a micção”, conclui.
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